sábado, 2 de junho de 2012

Capítulo.46

Capítulo.46




Senti a moto a abrandar mas só queria que continuasse,para que não tivesse de enfrentar finalmente o momento em que tinha de aceitar que tinha mesmo acabado.Finalmente parou e o Duarte encostou-a ao passeio á frente do prédio da minha casa,olhei para o jardim que havia ao lado da minha casa e suspirei,nunca pensei sentir-me assim tão mal ao chegar a casa.Tirei o capacete,e reparei na carrinha de mudanças que estava uns metros á frente de nós,ignorei-a,neste momento mais nada importava sem ser eu tentar não chorar.Ele tirou também o capacete,tirou a minha mala e pola no chão,ouvi-o a respirar fundo,"Porque é que isto é tão estranho?" pensei.Levantei a cara do chão e viu a olhar para mim.
-E é aqui.-disse cocando a cabeça,suspirei sem saber bem o que dizer.
-É aqui...-repeti feita tonta,ele pegou no frasco ainda envolto no plástico de bolhinhas,sorri agarrando-o bem.
-Não o partas.-recomendou a sorrir,percebi que era uma daquelas conversas em código que eu tinha com ele que irritavam tanto a Teresa,ri-me.
-Nunca na vida.-respondi,ele sorriu.Levantei-me da moto pegando na pega da minha mala.Senti os meus pés colados ao chão,daria tudo para não ter de ir para casa,mas tinha de finalmente ganhar coragem.
-Bem...-comecei,ele aproximou-se e beijou-me conseguia sentir a  tensão,mas tentei ignorar isso,passado um bocado desviou a cara.
-É melhor ires.-disse e pegou na minha mala,dei-lhe a mão e começámos a andar em silêncio até ao hall do prédio.Marquei o código no inturreputor e a porta abriu-se fazendo um barulho irritante,ele passou-me a mala para as mão,olhámos um para o outro,finalmente fiz um sorriso triste.
-Adeus.-despedi-me soltando a mão da dele,ele sorriu.
-Adeus.-disse também,parou de segurar na porta e esta foi-se fechando lentamente,quando finalmente fechou ele acenou-me e começou a descer a rampa até chegar á sua moto e começar a descer a rua,quando já não o podia ver suspirei e chamei o elevador.Fui mordendo os lábios tentando controlar-me para não me desfazer em lágrimas ali no meio.Quando chegou abri a porta e carreguei no sexto andar,mas houve uma mão a impedir que o elevador arranca-se.
-Olá.-cumprimentou um rapaz mais ou menos da minha altura,com cabelo e olhos castanhos,um bocado mais alto que eu e com uns óculos de massa como os do Cameron Mitchel.
-Olá.-cumprimentei também,nunca o tinha visto no prédio devia ter-se mudado no Verão,daí a carrinha de mudanças.
-Sou o André.-disse carregando no andar cinco.
-Catarina.-respondi apenas,não estava com muita desposição para conversas,não queria arriscar começar a chorar á frente de um desconhecido,ainda por cima de um desconhecido falador.
-Mudei-me á pouco tempo.-anunciou.
-Hum.-respondi segurando ainda com mais força no meu frasco.
-Já vives aqui há muito tempo.
-Cinco anos.-disse sem dar muita conversa.
-Queres que me cale?-perguntou,fazendo-me rir baixinho.
-Se faz favor.-pedi.-Se puderes.-acrescentei,ele riu-se.O elevador parou e ele abriu a porta.
-Bem é aqui que eu saio.-disse a sorrir,e acenou-se,fiz-lhe um meio sorriso sem muita paciência para acenar.Passado uns segundos o elevador parou no meu andar,atravessei o corredor estreito e abri a porta da minha casa.
-Cheguei!-anunciei á espera de respostas dos meus pais e do meu irmão mais novo,mas só recebi silêncio de volta,suspirei "Já devem ter todos ir embora" pensei,os meus pais deviam estar no trabalho e o Afonso devia estar em casa de um amigo.Fui instalar-me no meu quarto.Abri a porta  branca e vi o meu quarto normal,como o tinha deixado,com a secretária toda desarrumada,com alguns vestígios de roupa em cima da cama as cortinas que se prolongavam pela parede toda,todas abertas.Suspirei estava á espera que abrisse a porta e desse para a cabana,com as paredes feitas de madeira e toda desarrumada até queria que a Rita estivesse ali.Pus a mala no chão e o frasco em cima da minha mesinha de cabeceira ao lado das fotos minhas e das minhas amigas.Senti o meu telemóvel a vibrar,era uma mensagem do Duarte.
Mensagem:
"Amo-te"
Sorri ao lê-la,podia só dizer aquilo mas já me fazia imaginar um futuro não muito distante com ele.
"Eu também"
Escrevi e mandei a sorrir "Afinal não há razão para chorar,pensei,de repente ouvi a campainha a tocar,trazendo-me para a realidade.Abri a porta e era o André a sorrir,revirei os olhos.
-Tu outras vez?-perguntei,ele riu-se "O que é que ele andou a tomar" pensei.
.Pois vim só ver se me podias ajudar a encontrar o porteiro,não sei porquê não encontro as minhas chaves de casa.-pediu,olhei para ele,parecia mesmo desorientada,ri-me já estava de melhor humor e sinceramente se voltasse a entrar em casa ia possivelmente morrer de aborrecimento.
-Ok.-respondi.
-Oh obrigada.-agradeceu surpreendido.-Não era suposto ele estar lá em baixo a ver quem entra no prédio?-perguntou ri-me com a sua ingenuidade.
-Supostamente,mas ele 'tá sempre em sua casa,ele lá em cima no décimo primeiro andar.
-ah ok.Então posso só ir eu.
-Bem já que estou fora de casa vou também.-disse a sorrir,ele pareceu surpreendido,devia ter parecido tão simpática quanto um abutre no elevador.

Bem desculpem a demora mas espero que tenham gostado,e não se esqueçam de comentar <3

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