quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Capítulo.25

**Capítulo.25**



Ao olhar para ela toda a raiva do dia anterior desapareceu e foi substituída por tal felicidade e alegria que não conseguia parar de sorrir.Como é que poderia alguma vez ter gritado com ela? Naquele momento a  nossa discussão parecia-me ridícula e sem razão. Ela também parecia ter-se esquecido de tudo, porque sorria e tinha os olhos a brilhar.
-Acho que eles não estão muito contentes por me ver...-sussurrei a olhar para o grupo de amigos da Margarida por cima do seu ombro. Eles olhavam para nós de forma desaprovadora e a Sara até me semicerrava os olhos abanando a cabeça. Mas não sentia nada arrependido de ter ido até ali. Aliás sentia que era capaz de fazer tudo no Mundo só ao olhar para ela.
-Pois,eles passaram a não gostar muito de ti por causa do que se passou ontem.-explicou olhando desajeitadamente para as mãos.
-É compreensível.
-Para dizer a verdade acho que foste  justo.-afirmou olhando-me nos olhos. Aquilo não me fez sentir melhor, porque me sentia verdadeiramente envergonhado com o que lhe tinha dito. Abanei a cabeça desviando ligeiramente os olhos dos dela,lembrando-me do que lhe tinha gritado.
-Tu tens razão,eu fui egoísta. Devia ter-te dito que ía para Inglaterra logo que soube... - corou levemente mas continuava a olhar para mim. Como eu,parecia envergonhada e arrependida.-Acho que só não te contei logo, porque estava com medo que não te importasses.
-O quê?-perguntei com o sobrolho franzido.
Se ela me tivesse dito a verdade logo do início eu teria feito tudo diferente. Tê-la-ia convidado a sair, não teria perdido tempo e ter-lhe-ia dito tudo o que queria. Se soubesse fazia tudo o que não tinha feito e diria tudo o que não tinha tido coragem para dizer.
- Estava com receio que se te dissesse antes terias desistido de mim...preferia contar-te tudo no fim, para aproveitar enquanto podia.
-Bem,isso é uma estupidez.-afirmei,ela soltou uma risadinha que me fez sorrir.-Estou a falar a sério.
-Eu sei,para a próxima faço tudo bem.
-Para á próxima? Não te vais ficar só por Inglaterra? -disse só para a ver sorrir.
-Talvez... -sussurrou com um sorriso que me fez sorrir ainda mais abertamente.
Ficámos ali a olhar ou um para o outro ou para o resto das pessoas a festejar. De vez em quando passava uma brisa que me arrepiava. A minha cabeça andava á roda e tinha imensa coisa para lhe dizer, mas não conseguia quebrar aquele silêncio precioso.
-Queres ir dar uma volta? -perguntei quando vi pelo canto do olho que só faltavam cinco minutos para a meia noite,ela sorriu.
-Claro.
Andámos lenta e silenciosamente pela rua com o barulho de fundo das pessoas a gritar e rir. Ao meu lado a Margarida tinha as mãos enfiadas nos bolsos do casaco e olhava para as estrelas. Eu olhava para ela sem pensar verdadeiramente em nada.
-Acreditas em relações á distância? -perguntei sem pensar nas consequências desta pergunta.
-Não. -respondeu simplesmente sem olhar para mim. Sorri,já tinha previsto.
-E se  gostarem mesmo um do outro?
-Acho que vão acabar por cansar-se.Mesmo que uma pessoa goste muito de outra é muito difícil ter a disposição e vontade para lhe dar todo o seu tempo e atenção quando essa outra pessoa não está ao seu lado.Lentamente os dois acabam por se distanciar e fartar-se de abdicar tanto de si para uma pessoa que não está sempre ao seu lado.
Sabia que ela tinha razão, mas não gostava de ser tão frio. Ela olhou-me nos olhos,como se soubesse o que estava a pensar.
-Estás a pensar que eu estou a ser demasiado fria...
-Pois estou.-confirmei e ela sorriu.
-Tu acreditas nas relações á distância?
-Não, mas gosto de acreditar que elas funcionam.
Ela riu-se e eu olhei para ela.
-O que é?
-Estava á espera de uma resposta desse género...
-Eu gosto de acreditar em coisas boas,devias fazer o mesmo,fazia-te bem...
Embora ela fosse uma das pessoas mais alegres que alguma vez tinha conhecido,ao longo do tempo reparei que na verdade ela era muito dura consigo e com todos os outros por dentro.
-Não sei... - ao vê-la a sorrir surgiu-me uma pergunta na cabeça. Por segundos parei e pensei se deiva perguntar-lhe o que estava a pensar? Uma voz na minha cabeça disse-me para arriscar,afinal o que tinha a perder? Ela ia-se embora amanhã e queria dizer-lhe tudo o que não teria coragem para dizer se não soubesse que se ia embora tão cedo.
-Achas que nós conseguíamos ter uma relação á distância?
Ela parou imediatamente de andar e olhou para mim. Tinha a boca ligeiramente aberta e os seus olhos estavam apreensivos mas continuavam brilhantes.
-O que é que tu achas?
-Acho que conseguíamos. -respondi sinceramente,ela desviou o olhar.
-Porque é que gostas assim tanto de mim? -perguntou apanhando-me desprevenido. Olhei para ela que parecia triste e culpada. Comecei-me a sentir arrependido,não queria que ela se sentisse mal,pelo contrário.
-Porque...és tu.
Ela continuava á minha frente a olhar para mim séria. Não sabia o que lhe estava a passar pela cabeça e também não sabia se devia.
-Tu não achas que conseguíamos? -perguntei baixando a voz quando um bando de bêbados passou por nós a gritar 'Ano Nhovo!'.
-Não interessa o que eu penso.-sussurrou.
Pegou-me na mão fazendo-me ficar á sua altura,rodeou o meu pescoço os braços e encostou os seus lábios aos meus.


Espero que tenham gostado!Especialmente foleiro e cor de rosa para vocês. Não se esqueçam de dar a vossa opinião nos comentários :D

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